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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

MONOGRAFIA

O Brasil e a Antártida, aspectos ambientais, científico-tecnológico e de cooperação internacional

III - UM POUCO DE HISTÓRIA

1 - Da era das descobertas

Somente com a invenção do sextante em 1731 e do cronômetro em 1736 é que as explorações marítimas, à grandes latitudes, tomaram um maior impulso.

Várias viagens foram feitas com aproximação cada vez maior da região Antártica, mas a primeira expedição destinada à descoberta do lendário continente foi a do Comandante James Cook que, em 1772, chegou às Ilhas sub-antárticas de Geórgia do Sul e do arquipélago de Sandwich dos quais tomou posse como dependência das Ilhas Malvinas. A viagem de Cook foi considerada na época como um feito tão importante como a descoberta da América, embora, na realidade, nada tivesse sido descoberto. O próprio Cook, quando voltou à Inglaterra, em maio de 1775, declarou abertamente que não existia nenhuma "Terra Austral", mas somente um imenso mar de gelo.

As declarações de Cook sobre a inexistência da Terra Austral desestimularam por muito tempo outras explorações do gênero, sendo porém que seu relato sobre a grande quantidade de focas, leões-marinhos, pingüins e baleias que tinha encontrado naquelas regiões, despertaram a cobiça de comerciantes, pescadores e aventureiros que passaram a freqüentar os mares do Sul à procura de peles de foca e óleo de baleia.

Foram, portanto, os caçadores de focas que acabaram por descobrir o Continente Antártico no começo do Século XIX.

Foi um caçador de baleias e focas, o americano Nathaniel Palmer, quem conseguiu avistar, ainda em 1820, o Continente Antártico pela primeira vez. Nesse mesmo ano, expedições de Bellingshausen e Bransfield também avistaram o Continente.

O capitão inglês William Smith em 1818 encontra as Shetland do Sul e a Terra de Graham, defronte ao Estreito de Drake. No ano seguinte, o Com. Natanael Palmer, americano, descobre as Ilhas Orcadas Austrais e outra terra a leste da Terra de Graham. Surgindo, posteriormente, divergências entre ingleses e americanos quanto a prioridade dessas descobertas, a Terra de Graham e a Terra de Palmer passaram a ser denominados Península Antártica. Com seus picos de quase 4.000 m de altura, a Península é considerada uma continuação da Terra do Fogo e dos próprios Andes, ficando assim configuradas as pretensões argentinas e chilenas sobre essa região antártica.

Embora importantes, estas descobertas foram apenas visuais. O americano Davis, que teria aportado na Baía de Hughes em 1821, na costa oriental do continente, é considerado o primeiro a desembarcar e pisar no solo antártico.

Em 1821, o Comandante russo-alemão Gottlieb von Bellingshausen conseguiu realizar novas descobertas à leste da Península Antártica, no mar que hoje leva seu nome, sendo um dos pioneiros na descoberta do continente Antártico e o sustentáculo das pretensões russas sobre essa região.

 

2 - Da era heróica

A chamada era heróica da conquista do pólo sul se iniciou em 1895, com os noruegueses, Henrik Bull e Carsten Borchgrevink aportando no Continente Antártico.

Os primeiros exploradores a passar o inverno nas águas da Antártica, foram membros de uma expedição científica belga a bordo do navio "Bélgica", que ficou preso no gelo no mar de Bellinghausen na Península Antártica em 1898. Já a primeira expedição a passar o inverno no Continente gelado foi a Expedição britânica "Borchgrevinck's Southern Cross", no inverno de (1898-99), e fizeram base no Cabo Adare. A expedição estava sobre o comando do norueguês Carsten Borchgrevink, um dos primeiros a aportar no continente três anos antes. Era o tempo das comunicações de idéias e descobertas no continente.

Em 1904, o Capitão C. A. Larsen construiu a primeira estação de caça às baleias em terra firme na ilha de Geórgia Sul.

Em 14 de Dezembro de 1911, cinco noruegueses, sob o comando de Roald Amundsen, são os primeiros a alcançar o Pólo Sul.

 

3 - Da era mecanizada

No início dos anos 20, começou o uso de aviões na exploração da Antártica e a área coberta expandiu-se rapidamente. Várias expedições tiraram fotos aéreas e o surgimento de mapas da região cresceu dramaticamente.

Nesta mesma época, companhias norueguesas criaram as "fábricas de baleias flutuantes" e iniciou-se uma atividade norueguesa de caça às baleias, considerável na área. Com isto, a Noruega se tornou o país dominante na caça às baleias no Oceano Sul. Gradualmente as outras nações foram se juntando e japoneses, soviéticos, alemães e holandeses se tornaram responsáveis por grande parte das atividades na área. Com este crescimento da matança, a população de baleias diminuiu rapidamente, e logo as grandes espécies de baleias estavam quase extintas.

Terminada essa fase de conquista da Antártica, não cessaram as investigações científicas no Continente. Nas décadas de 1920 e 30 começou-se a usar com mais freqüência aeronaves, tratores e trenós motorizados na Antártica.

Entre 1939 e 1941, os Estados Unidos começaram a ocupar, permanentemente, suas bases, usadas anteriormente por expedições de caráter científico-estratégico.

Em 1942, os alemães se serviram das Ilhas Kerguelén como posto de reabastecimento de um navio corsário, o "Pingüim", que já havia tomado mais de 136 mil toneladas de cargas aliadas quando foi afundado.

Mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha enviou, em 1943, uma expedição para a instalação de estações meteorológicas na Península Antártica (Graham).

Em dezembro de 1946, os Estados Unidos organizaram a maior expedição já enviada à Antártica - Operação "HIGHJUMP", a primeira a empregar um quebra-gelo e helicópteros na exploração do Continente. Dela participou o Almirante Byrd, que havia sobrevoado o Pólo Sul em vôo pioneiro em 1929. Composta por 4700 homens, dos quais 1600 tomaram parte nas investigações científicas, em nove navios, um quebra-gelo, um submarino, helicópteros e aviões, a expedição conseguiu realizar descobertas científicas bastante importantes e os americanos deram, também, a primeira grande demonstração de força na região.

 

4 - Da era da cooperação científica internacional

A era da cooperação científica internacional se iniciou durante a invernação promovida pela expedição Norueguesa-Sueca-Britânica (1949-50), na estação Maudheim, e a pesquisa científica cresceu fortemente durante o ano Geofísico Internacional de 1957-58, quando doze países estabeleceram em torno de trinta estações de pesquisa ao redor do continente.

Hoje, fora as diversas estações de verão e de campo, a região conta com quarenta e duas estações permanentes de pesquisa, operadas por dezoito nações diferentes.

Desde então, e após a proibição da caça à baleia e focas, os antigos exploradores têm sido substituídos por cientistas que incorporam uma parcela de seu espírito aventureiro e desbravador, promovendo investigações científicas que proporcionam maior conhecimento dos fenômenos que lá ocorrem e sua influência global.

Sumário
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